Presidente do Conass participa de Conferência Global sobre Clima e Saúde

Karina Zambrana OPAS/OMS

A presidente do Conass, Tânia Mara Coelho, participou nesta terça-feira (29), da Conferência Global sobre Clima e Saúde, em Brasília. O evento internacional tem como objetivo discutir políticas de adaptação do setor saúde frente aos impactos das mudanças climáticas. As propostas debatidas estão alinhadas ao Plano de Ação em Saúde de Belém, que será apresentado pelo Brasil durante a COP30, em novembro, na capital paraense.

Tânia destacou o compromisso do Conselho em garantir que cada gestor de saúde no Brasil tenha consciência climática e acesso às ferramentas necessárias para agir de forma eficaz. “O Conass se compromete a incluir a agenda climática em todas as nossas discussões estratégicas de saúde, a apoiar nossos 27 estados na elaboração de planos locais de adaptação e contingência”, disse 

Ela destacou ainda que enfrentar a crise climática no campo da saúde requer boa governança e cooperação em todas as esferas. Além disso, é preciso avançar na implementação de planos estaduais de saúde climática, atualizar a legislação e assegurar financiamento adequado para ações de clima e saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde. “Defendemos que a saúde seja reconhecida como pilar central da adaptação climática e priorizada nos mecanismos de financiamento internacional. Cada real investido em hospitais resilientes, em vigilância epidemiológica ou em saneamento básico, salva vidas e evita gastos maiores no futuro”, concluiu.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou a importância de integrar saúde e clima nas políticas públicas. Segundo a ministra, o tema da conferência deste ano, que abordou ação e equidade na saúde pública frente às mudanças climáticas, é promissor e reflete uma necessidade urgente. “Cada vez mais, estamos sendo afetados por inúmeros fatores que agravam os problemas de saúde. A mudança do clima não é diferente”, afirmou.

Marina alertou que, além de desestabilizar o sistema climático, as alterações no clima comprometem a segurança alimentar, a infraestrutura e ampliam a presença de vetores de doenças, inclusive em regiões que antes não eram afetadas. Ela citou o exemplo do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue e zika, que tem se espalhado por novas áreas em função do aumento das temperaturas e mudanças nos padrões de chuva. “É um problema que atinge a saúde pública de forma direta e crescente, exigindo resposta coordenada e integrada dos governos”, concluiu.

Para ela, é fundamental discutir os fatores ambientais como agravantes da saúde pública. “Ter uma conferência onde se trata de clima e saúde pública é algo cada vez mais necessário. O clima não afeta a saúde de forma isolada”, comentou. Ela destacou ainda a poluição do ar e os eventos climáticos extremos como vetores importantes. “Enchentes, deslizamentos e desmoronamentos são exemplos de acidentes com impacto direto sobre a saúde da população. Essas situações vêm se agravando a cada ano. Já estamos vivendo sob os efeitos das mudanças climáticas”, concluiu.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, falou que o País vive um momento que não é apenas de urgência e emergência, mas de necessidade de mobilização para a transformação. “Precisamos realizar um verdadeiro mutirão. Esse esforço coletivo é essencial, pois nenhuma pessoa ou país sozinho consegue promover as transformações necessárias. Por isso, a mobilização de toda a sociedade e de todas as nações é fundamental para coordenar e liderar esse mutirão”, destacou. 

Já o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), Jarbas Barbosa, ressaltou que a entidade tem atuado junto aos seus Estados-membros, em níveis nacional e subnacional, na elaboração de planos de adaptação e na realização de estudos de viabilidade para investimentos que reduzam as emissões do setor, fortaleçam a infraestrutura dos serviços de saúde e aprimorem a vigilância de doenças sensíveis ao clima.

Segundo Barbosa, entre as ações prioritárias, a Opas destaca a necessidade de antecipar, prevenir, preparar e responder a eventos relacionados ao clima, mitigando seus efeitos sobre a saúde das populações. Ele também falou do apoio da organização na implementação do Plano de Ação em Saúde de Belém, por meio de sua atuação junto aos 35 países das Américas, à sociedade civil e com a colaboração de parceiros como os governos da Espanha e do Reino Unido, além de organizações multilaterais e fundações filantrópicas, como a Fundação Gates, Fundação Rockefeller e a Wellcome Trust.

“A Opas seguirá comprometida em avançar coletivamente e explorar soluções inovadoras para desafios comuns. Que esta conferência reforce a importância do setor saúde no debate sobre um planeta mais saudável, condição essencial para que as pessoas também sejam saudáveis”, finalizou.

Preparação para a COP30 e legado para a saúde pública

A COP30 será realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA), marcando a primeira vez que a conferência acontece na Amazônia – região estratégica para a resiliência climática e a adaptação do setor saúde.

Além do Plano de Ação em Saúde de Belém, o Brasil trabalha na implementação do AdaptaSUS, plano nacional de adaptação à mudança do clima no setor saúde, e do Plano + Saúde para a Amazônia, que também será apresentado na COP30, com objetivo de promover a equidade, reduzir desigualdades regionais e fomentar tecnologias sustentáveis, respeitando as especificidades socioculturais e ambientais dos estados da Amazônia Legal.

Outro foco é garantir legados estruturantes para a saúde pública, com a ampliação da atenção básica – por meio da construção de Unidades Básicas de Saúde em todo o território nacional e em comunidades indígenas, e do cuidado especializado. Também estão previstas ações para o monitoramento e controle da qualidade da água em Belém e no estado do Pará, priorizando a região Norte, que ainda enfrenta desafios no acesso à água potável.