SER OU NÃO SER: A ESCOLHA É DELAS

Artigo publicado pelo secretário de Estado da Saúde do Maranhão, Carlos Lula, no Jornal Pequeno, no dia 13 de maio de 2018

Por Carlos Lula

“Ninguém pode prepará-lo para quando tiver um filho. Para quando o vir nos braços e sentir que agora é com você”. A frase pertence ao filme “Questão de Tempo” (About Time). Creio que neste sentido, as mulheres que desejam ser mãe compreendem, antes mesmo dos homens que desejam ser pais, que esta missão é ideal para pessoas de coração forte e cheios de amor. Ser mãe não é para toda mulher, e não precisa. Certamente, há mulheres muito amadas neste dia. Vivenciarão momentos prazerosos com os filhos, outras gerarão bebês hoje, mas outras ainda estão sonhando ou chorando com a oportunidade de um dia serem mães, ou a falta do filho que já partiu. Em outro lugar, alguém abandonou seu bebê porque descobriu tarde demais que não daria conta. Sem julgamentos.

O dia das mães, além de uma data comemorativa – quando nos reunimos em família para reconhecer a força e ternura das mães – é também um momento para refletirmos acerca da maternidade. A começar pelos desafios de se gerar uma vida e trazê-la ao mundo. Este momento é ímpar na vida de uma mulher, mas também requer uma atenção especial.

Com o objetivo de assistir milhares de maranhenses, o Governo do Estado tem investido em ações que garantam a dignidade da mulher e assegurem os direitos sexuais e reprodutivos. Os avanços na salvaguarda destes direitos são reflexos de uma sociedade que zela pelas suas mulheres, ampliando o poder de escolha sobre ter ou não filhos, em que fase da vida ter filhos e garantindo atenção integral antes, durante e depois da gravidez, reduzindo assim índices de mortalidade infantil e materna. As conquistas obtidas ao longo dos últimos 3 anos são sensíveis pois demonstram que estamos no caminho certo: construindo um governo para todas as mulheres.

Em parceira com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) implementamos um projeto inovador: os Centros Sentinela, que são vanguarda na área do planejamento reprodutivo, ampliam a assistência à saúde sob a perspectiva da garantia de direitos às mulheres. Hoje funcionam o Centro Sentinela de Balsas e o de São Luís, ambos ofertam acesso e orientações a métodos contraceptivos – o primeiro com mais de 1000 inserções de Dispositivos Intrauterinos (DIU) e o segundo com mais de 1300 – e ofertam ainda acompanhamento de casos de abortamento e violência sexual.

Os Centros Sentinela são um investimento na Atenção Básica e têm impacto nos índices de mortalidade materna, um grande desafio para a atual gestão. Estão previstos ainda investimentos na ampliação e aprimoramento destes serviços, pois objetivamos promover o cuidado, alcançando mais mulheres e garantindo qualidade neste atendimento.  Este conjunto de ações integra as atividade do projeto de Reestruturação da Rede Materna e Infantil no Estado do Maranhão, desenvolvido através de cooperação técnica entre o poder público estadual, OPAS e OMS.

Promovemos avanços quantitativos e qualitativos na garantia de um parto seguro e em que a mulher seja protagonista, hoje o parto humanizado é uma realidade nos hospitais da rede estadual de saúde. Em julho de 2016 foi realizado o primeiro parto humanizado da rede pública de saúde, que conta com acompanhamento familiar, assistência de uma equipe multidisciplinar e o respeito à gestante. Em agosto de 2017 tivemos o primeiro parto com intérprete em libras no país, ocorrido em São Luís, algo inédito e emocionante.

Outros serviços inéditos e indispensáveis as mulheres inaugurados pelo Governo do Maranhão, em 2017, são o Projeto TEA (Transtorno do Espectro Autista), e a Casa de Apoio Ninar. Ambos os projetos assistem tanto as crianças quanto às mães.  O ponto forte da Casa é a ressignificação da maternidade, que ganha o nome de maternagem. Mães que antes sofriam com o bebê acometido por problemas em decorrência do Zika Vírus, aprenderam a olhar seus bebês além da sequelas. Toque, cheiro, afagos, carinho e chamar o bebê pelo nome. A maternagem transforma mulheres em mães, sem abandonarem-se pelos filhos, mas aproximando o vínculo entre elas e as crianças.

É certo que nenhum serviço ou ação governamental poderá preparar mulheres para o amor e para o medo de ser mãe. Entretanto, a nossa responsabilidade, enquanto gestores de saúde, é garantir alternativas e cuidados para que a maternidade seja positiva e não um trauma ou risco. Entender a importância das mães para nossa sociedade é reconhecer o valor de tão árdua missão e a magnitude na beleza de cuidar de forma incessante dos seus.