Sespa realiza ações para marcar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial

Usuários do Caps-AD III Marajoara participam de programação alusiva à data

O dia 18 de maio é marcado pelo Dia Nacional da Luta Antimanicomial, e como parte das mobilizações em torno da data, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio do Centro de Cuidados a Dependentes Químicos – CCDQ (Caps-AD III Marajoara), em Belém, organizou algumas atividades para este mês. A programação iniciou no último dia 11 e segue ao longo de todo o mês de maio no espaço.

Na manhã desta terça-feira (16), os usuários do Centro foram convidados para participar de um bate-papo com os profissionais da instituição, onde puderam compartilhar um pouco da sua trajetória. Com direito a plateia e aplauso de familiares, eles também acompanharam uma apresentação teatral baseada na lenda da Cuca, com declamação de poesia. O evento finalizou com uma caminhada cultural pelo bairro da Marambaia, onde o Caps Marajoara está localizado.

A diretora do Caps Marajoara, Elenita Aragão, explicou a seleção da personagem para abordar a temática. “A escolha da Cuca como mascote se deu pelo fato de que podemos fazer uma analogia e mudar o olhar, percebendo que até ela, normalmente tida como malvada, pode ter uma chance de mostrar seu lado bom e desenvolvê-lo, tornando-se uma Cuca legal, através do autocuidado e do apoio dos familiares e profissionais. Assim é o trabalho do Caps, que busca desvendar o que há de melhor no ser humano como sujeito permeado de potencialidades”, explicou.

Aragão complementa falando sobre a importância do trabalho do Caps para o tratamento das pessoas acolhidas no espaço. Segundo ela, o trabalho é constante, com a realização de trabalhos de grupos com os acolhidos no espaço e seus familiares.

“O Caps é um espaço de acolhimento, seja para os pacientes e seus familiares. Desenvolvemos um trabalho para que eles convivam normalmente com a sociedade. Antigamente, eles viviam trancafiados, escondidos, e hoje não. A luta antimanicomial preconiza o tratamento em território, família e comunidade. É impossível pensar que pessoas que vivam em sofrimento mental sejam trancafiadas. Precisamos de compreensão, conhecimento e tratamento terapêutico e isso oferecemos aqui”, reforçou.

Há dois anos, João Gonçalves, de 63 anos, decidiu procurar o Caps para buscar tratamento. Dependente de álcool e outras drogas, ele conta que o trabalho oferecido no local foi essencial para melhorar de vida. Lá, ele recebe o acompanhamento com psicólogo e psiquiatra, que, segundo ele, ajudam a manter a vida em equilíbrio.

“Todas as terças-feiras estou aqui. No início, vim mais para saber como funcionava, mas decidi ficar e seguir em tratamento. Hoje, estou aqui com os outros colegas e o resultado tem sido positivo. Tenho atendimento com psicólogo, psiquiatra, técnicos de enfermagem. Tem sido muito bom”, salientou o paciente.

O Caps Marajoara conta com uma equipe multidisciplinar formada por enfermeiros, nutricionista, assistente social, educadores físicos, além de médicos e psicólogos. O espaço oferece, ainda, internação para pacientes em crises por até no máximo 14 dias.

Andreia Ferreira, de 48 anos, também é paciente do Caps Marajoara há oito anos. “Aqui realmente funciona e quando tem esse tipo de programação, conseguimos interagir com todo mundo. Me sinto acolhida aqui. Os funcionários não fazem diferença e agem como se fossem um de nós”, enfatizou Andreia.

A programação em alusão ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial segue com Sarau Cultural, Bazar, apresentação de documentário e outras ações. A assistente social do Caps Marajoara, Lúcia Moraes, explica que a data é importante para mostrar a necessidade do cuidado de forma integral, seja físico, mental e emocional.

“Nós, como Caps, somos um dispositivo dentro da política de saúde mental. É uma data importante, pois enfatiza a necessidade do cuidado com a pessoa de forma integral. A caminhada realizada hoje é a forma que tivemos de apresentar para a comunidade externa ao Caps o nosso trabalho e fazer com que seja desmistificado a ideia de que o cuidado da mente começa com cada um, mas sim mostrando que nós estamos juntos, que eles não estão sozinhos”, finalizou a assistente social.

Texto: Tatiane Freitas/Sespa

Fotos: José Pantoja/Sespa