Pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde, como o Vigitel, mostram que, há algum tempo, o público que mais pratica atividade física no Brasil, em geral, é homem, jovem e de elevada escolaridade. Para reverter essa situação e incluir a prática cotidiana da atividade física em outros públicos, foi lançado, em abril de 2011, o programa Academia da Saúde. O objetivo é aumentar o nível de exercícios físicos da população, promovendo a saúde, a prevenção e a redução de mortes prematuras por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como doenças cardiovasculares, infarto, derrame, câncer e diabetes. A ideia é criar espaços adequados, oferecer orientação nutricional, oficinas de artes cênicas, dança e palestras.
Segundo a diretora do Departamento de Análise de Situação em Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta, quatro mil unidades da Academia da Saúde estarão instaladas em todo o país até 2014. Em 2013, 2.600 polos já estarão prontos. “Teremos profissionais de saúde que irão estimular a população a praticar atividade física e desenvolver também hábitos e práticas saudáveis. Com isso, buscaremos com que as pessoas se tornem mais ativas e insiram o tema e a prática da atividade física no seu dia a dia”, explica. Os polos da Academia da Saúde contarão com educadores físicos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais da saúde.
Para contar com os pólos do Academias da Saúde, os municípios devem aderir ao programa, Deborah afirma que o Ministério da Saúde já recebeu mais de seis mil propostas de municípios para participar. “Todos os municípios com população acima de 100 mil habitantes foram atendidos, e os municípios com população menor, nós definimos critérios alinhados com o programa Brasil Sem Miséria. Então, municípios com maior proporção de população com pobreza tiveram prioridade nessa escolha”, ressalta a diretora. Os espaços da Academia da Saúde serão disponibilizados para toda a população. “Eles terão duas vias de entrada: tanto os profissionais de saúde poderão indicar populações de maior risco, como hipertensos, diabéticos, com excesso de peso e obesidade. E também a população sadia que deseja praticar atividade física. Basta a pessoa procurar diretamente o pólo, fazer sua inscrição e participar das atividades com regularidade”, detalha Deborah.
Exemplo de sucesso – Desde 2005, o Ministério da Saúde financia cerca de 1500 projetos municipais que incluem atividades físicas. Desses, 155 já são contemplados com mais recursos do Academia da Saúde. Um grande exemplo de sucesso é o projeto Academia da Cidade, de Belo Horizonte (MG). Criado em 2006, oferece atividade física gratuitamente a mais de 23.100 usuários. As atividades são oferecidas de segunda a sábado, três vezes por semana.
O coordenador do projeto Rony Las Casas destaca que, por meio de estudos, já foi verificado melhoras na qualidade de vida da população mineira. “Fizemos uma pesquisa com dois públicos: um que está dentro da academia e o que está fora com os eixos físico, mental, social e até na linha espiritual. Verificamos que teve uma diferença muito grande com relação às pessoas que estão dentro das Academias da Cidade. Percebemos que a pessoa aprende a se conhecer melhor dentro dela. O projeto tem melhorado bastante a saúde da população e, consequentemente, a qualidade de vida. É o que falamos: não queremos dar mais anos de vida, e sim dar vida nos anos. A pessoa ganha sentido para viver”, diz.
Os pólos da Academia da Cidade de Belo Horizonte oferecem atividades por grupos, de acordo com o perfil de cada pessoa. Além disso, idosos, pessoas com deficiência, população com DST ou aids e população reprimida, seja pelo racismo ou homofobia, também têm acesso aos espaços. “Isso tem sido fantástico. Estamos tendo uma experiência riquíssima com relação a isso, porque o profissional de educação física acaba trabalhando tanto dentro das academias quanto dentro das escolas também. Então estamos nos aproximando da saúde na escola. E como o profissional de educação física trabalha mais com o corpo, falo da parte mais física mesmo, tem dado muito benefício a todo esse público”, destaca Rony.
A dona de casa Rita de Cássia Mapa frequenta as aulas do polo de Jardim Belmonte, em Belo Horizonte, há um ano e meio. Para ela, a nova rotina mudou sua vida. “Por meio da Academia, fui encaminhada a um médico e depois de ir, descobri que estava com diabetes e pressão alta. Eu posso até dizer que a Academia salvou a minha vida. A melhor coisa que aconteceu em BH foi a construção dessa Academia. Agora eu faço exercício físico, tenho uma vida ativa, faço regime, controlei minha vida”, relata.
A também dona de casa Elizabeth Montenegro conta os benefícios que ganhou depois de começar a freqüentar as aulas: “Eu vivia depressiva, sentia dor no corpo inteiro, minhas pernas doíam, eu não comia, era muito magrinha. E agora já encorpei um pouquinho, tenho alegria, aprendi a sorrir de novo”.
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- Assista ao vídeo que mostra como são realizadas as atividades da Academia da Cidade de Belo Horizonte:
A diretora Deborah Malta publicou artigo, junto ao secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, em uma das mais importantes publicações científicas na área médica: o The Lancet. No texto, os autores destacam as principais políticas públicas para promover a atividade física no Brasil, como o Programa Academia da Saúde. Eles informam que só neste primeiro ano de programa, já foram investidos R$ 150 milhões e que mais de 80% das cidades do país terão acesso gratuito às atividades físicas até 2015.
Mônica Plaza / Blog da Saúde