UBSs disponibilizam fitoterápicos manipulados pela própria rede pública

O Distrito Federal é pioneiro no uso de fitoterápicos manipulados pela própria rede pública de saúde. Na capital federal, as duas farmácias vivas – importante programa na área de plantas medicinais, que visa resgatar o uso e o potencial das plantas medicinais –, uma localizada no Riacho Fundo e outra em Planaltina, fornecem 11 medicamentos diferentes para 25 unidades básicas de saúde (UBSs). São dois chás, quatro tinturas, um xarope e quatro géis – uma produção que atingiu a marca de 16.919 exemplares de janeiro a novembro deste ano.

A fitoterapia é usada no sistema público de saúde do DF desde 1989. Durante dez anos, apenas chás medicinais eram produzidos pelas farmácias vivas. O cenário mudou em 1999 com o xarope de guaco. O broncodilatador e expectorante, indicado para tosse e afecções respiratória, é o campeão de prescrição entre os fitoterápicos. Só neste ano, foram manipulados 11.192 frascos do medicamento.

As duas farmácias vivas do DF estão localizadas no Riacho Fundo e em Planaltina. Foto: Paulo H. Carvalho – Agência Brasília

O criador da receita do xarope usado na rede de saúde do DF é Nilson Netto. Chefe do Núcleo de Farmácia Viva do Riacho Fundo e entusiasta da fitoterapia, o farmacêutico observa que a prática é uma exaltação à tradicionalidade. “As plantas medicinais são usadas há várias gerações. Muitos pacientes têm um vínculo forte com essa opção terapêutica”, comenta.

As farmácias vivas do DF comandam a produção dos fitoterápicos do início ao fim do processo. Nas duas unidades, as plantas medicinais são cultivadas, colhidas, preparadas, embaladas e distribuídas. Existem 14 espécies diferentes plantadas nos centros. Dessas, oito são usadas na produção dos fitoterápicos utilizados pela rede da Secretaria de Saúde (SES).

“Só dá para dizer que uma planta é medicinal quando há estudos que comprovem sua eficácia e segurança”, explica Nilton. “Os fitoterápicos precisam ser encarados como os medicamentos que são. Eles têm dosagem certa e período definido para serem consumidos. E o uso inadequado é perigoso.”

O mais novo medicamento disponibilizado pela SES é a tintura de alecrim-pimenta. A planta nativa do Nordeste tem ação antisséptica e é muito eficaz para dores de garganta. Foram nove meses de estudo até o seu uso ser aprovado. “O primeiro lote do medicamento, com 304 unidades, foi distribuído em outubro”, informa Nilton. “Inicialmente, oito UBSs receberam a tintura”.

O chefe do Núcleo de Farmácia Viva do Riacho Fundo, Nilson Netto, diz: “Muitos pacientes têm um vínculo forte com essa opção terapêutica”. Foto: Paulo H. Carvalho – Agência Brasília

Adepta às práticas integrativas, a médica de família e comunidade Carmem De Simoni celebra a disponibilidade dos fitoterápicos na rede pública de saúde. “É mais uma garantia de acesso a recursos terapêuticos diversificados”, avalia. “Por que vou lançar mão de um xarope expectorante sintético, muitas vezes com açúcar em sua composição, se posso usar o guaco?”

A médica ressalta que os fitoterápicos costumam sobrecarregar menos o organismo. “Medicamentos à base de plantas medicinais tendem a ser menos agressivos ao corpo”, afirma. “Mas é claro que o paciente precisa estar confortável em fazer uso da fitoterapia. É o que chamamos de manejo conjunto: médico e paciente tomam as decisões juntos”.

Confira as unidades de saúde distribuidoras de fitoterápicos

→UBS 1 da Candangolândia
→UBS 1 da Estrutural
→UBS 1 do Guará I
→UBS 3 do Guará II
→UBS 1 do Núcleo Bandeirante
→Farmácia do Instituto de Saúde Mental do Riacho Fundo
→UBS 1 do Riacho Fundo
→UBS 1 do Riacho Fundo II
→UBS 3 do Riacho Fundo II
→UBS 1 do Lago Norte
→UBS 1 do Cruzeiro
→UBS 2 do Cruzeiro
→UBS 2 do Gama
→UBS 5 do Gama
→UBS 2 do Recanto das Emas
→UBS 4 do Recanto das Emas
→UBS 2 de Samambaia
→UBS 3 de Samambaia
→UBS 4 de Samambaia
→UBS 5 de Taguatinga
→UBS 8 de Taguatinga
→UBS 1 de Santa Maria
→UBS 1 de São Sebastião
→UBS 1 de Sobradinho II
→Centro de Práticas Integrativas de Planaltina

O Distrito Federal é pioneiro no uso de fitoterápicos manipulados pela própria rede pública de saúde. Foto: Paulo H. Carvalho – Agência Brasília

Fonte: SES/DF