Videochamadas ajudam crianças com doenças respiratórias graves

De forma remota, médicos intensivistas do HCB reforçam o cuidado aos pacientes da emergência pediátrica do Hospital da Região Leste; por câmera, é possível interagir ao vivo, monitorar, passar orientações e participar das decisões

Os médicos podem interagir ao vivo, observar os pacientes, passar orientações e participar das decisões durante o tratamento, como uso de medicamentos e ventilação. Foto: Sandro Araújo-gência Saúde

A Secretaria de Saúde (SES) não para de implementar novas estratégias de enfrentamento das doenças respiratórias em crianças. Nesse trabalho, a tecnologia tem sido uma grande aliada. O Hospital da Região Leste (HRL), localizado no Paranoá, em parceria com o Hospital da Criança de Brasília (HCB), passou a realizar mentorias, por meio de chamadas de vídeo, entre médicos intensivistas da unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica e os profissionais de plantão na emergência e no pronto-socorro.

No Programa de Mentoria para o Paciente Pediátrico Crítico (PMPPC), quatro profissionais intensivistas da UTI pediátrica do HCB – que estão gestantes e não podem atuar em áreas de maior risco – trabalham em um ambiente separado. De longe, participam de reuniões regulares com os colegas de plantão na emergência do HRL e auxiliam na avaliação clínica, no acompanhamento e no cuidado dos pacientes. As equipes são compostas por médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

O cuidado remoto é possível graças ao uso de “carts de telemedicina”, computadores com suporte, câmera e microfone próprios para a atividade. Com o equipamento, os médicos têm acesso aos prontuários e podem interagir ao vivo, observar os pacientes, passar orientações e participar das decisões durante o tratamento, como uso de medicamentos e ventilação nos pacientes.

O cuidado remoto é possível graças ao uso de “carts de telemedicina”, computadores com suporte, câmera e microfone próprios para a atividade. Foto: Sandro Araújo-Agência Saúde

Desenvolvido pelo médico Deivson Mundim, plantonista no HRL, o programa foi apresentado à secretária de Saúde, Lucilene Florêncio. A ação agrega aos esforços da SES no enfrentamento do aumento das ocorrências do vírus sincicial respiratório (VSR) neste ano.

“É um programa pensado para aplicar ensino e capacitação ao dia a dia dos profissionais da saúde. A ideia é desenvolver as habilidades técnicas de maneira prática, com a orientação de médicos com maior experiência na terapia intensiva, enquanto garantimos mais eficácia no atendimento”, explica Deivson.

O especialista afirma que, com o aumento de casos de alta complexidade pediátrica nos prontos-socorros, o PMPPC foi desenhado para otimizar o cuidado integral às crianças com sintomas graves de doenças respiratórias, oferecendo tratamentos avançados antes mesmo que os pacientes cheguem às UTIs.

O HRL atende cerca de 327 mil pacientes do Paranoá, Itapoã, Jardim Botânico e São Sebastião. Entre janeiro e março deste ano, o hospital realizou quase 4 mil atendimentos de emergência pediátrica. A maioria relacionada à grande propagação do VSR, rinovírus humano (RVH) e influenza.

A superintendente-executiva do HCB, Valdenize Tiziani, destaca que, atualmente, a unidade soma o maior número de leitos de UTI pediátrica no DF, com equipes completas formadas por profissionais intensivistas. O fato permitiu ao hospital disponibilizar o suporte das médicas gestantes na parceria com o HRL.

“Tem sido uma experiência muito exitosa e, certamente, poderemos usar como modelo para outras iniciativas de apoio à rede pública de saúde, unindo a tecnologia e o conhecimento dos especialistas extremamente capacitados do DF”, ressalta Valdenize.

Ações continuadas

Nos últimos meses, a SES instituiu o Centro de Operações de Emergências Pediátricas (Coep), uma força-tarefa para ampliar o cuidado pediátrico e suprir a alta demanda ocasionada pelas doenças sazonais. Essas doenças têm grande propagação entre os meses de março e junho, e atingem majoritariamente as crianças, principalmente até 2 anos de idade, cujo sistema imunológico é menos fortalecido.

Para enfrentar a alta demanda, a SES também realizou ampliação de leitos em UTIs e de enfermarias pediátricas, estendeu o horário e os dias de atendimento de algumas unidades básicas de saúde (UBSs), implementou a rota rápida em hospitais (transporte de pacientes entre hospitais e UBSs), capacitou profissionais de saúde e antecipou a campanha de vacinação contra a gripe para crianças do grupo prioritário.

Roberta Pissutti, da Agência Saúde-DF