SES/RJ – Programa Curativo Domiciliar reduziu 80% das lesões em pacientes com Doença Falciforme

Inédita na rede pública do país, iniciativa do Hemorio completou um ano este mês

Há um ano, pacientes do Hemorio com lesões crônicas provocadas pela Anemia Falciforme e outras doenças ligadas ao sangue têm os curativos trocados duas vezes por semana no conforto de suas casas. Eles são atendidos pelo Programa Curativo Domiciliar, que leva uma equipe de enfermagem à casa dos pacientes, proporcionando uma melhora de 80% nas lesões. Atualmente, dez pacientes participam da iniciativa inédita na rede pública do país. A dona de casa Luciana da Silva Elias, de 41 anos, é uma das atendidas.

Para ela, fazer curativos nas lesões provocadas pela Anemia Falciforme não era tarefa fácil. Moradora de Campo Grande, na Zona Oeste, Luciana levava cerca de duas horas para chegar ao Hemorio, no Centro do Rio. Participante do programa há seis meses, ela já percebe os benéficos da facilidade.

– Era preciso pegar ônibus, trem e ainda caminhar até a unidade. Fazia um esforço muito grande e o ferimento acabava piorando. Minha imunidade também ficava mais baixa – conta Luciana Elias.

Pacientes inscritos no programa apresentam melhora de cerca de 80% nas lesões. Um deles, Gilson de Oliveira, se trata há 50 anos na unidade e há 20 convivia com uma úlcera na perna. Graças ao Curativo Domiciliar, a ferida está quase cicatrizada.  A enfermeira Priscilla Costa, que faz parte de uma das equipes do Programa,  explica que a melhora acontece porque reduz o número de idas ao hemocentro e os pacientes repousam por mais tempo. Sem o programa, eles precisavam ir à unidade três vezes por semana. Com a ação, esse número cai para uma vez por semana, para consulta de controle da doença.  

– Muitos dos pacientes moram em locais distantes e com poucos recursos. Eles chegam com os pés muito inchados e piora o edema. Nas visitas, ainda ensinamos noções básicas de higiene, indicamos o melhor lugar para que eles possam refazer o curativo e deixamos material para a troca. Com as visitas frequentes, mesmo quando há uma piora, conseguimos reverter o quadro – explica Priscilla.

Na dinâmica do programa, duas equipes de enfermeiras e de técnicas de enfermagem se revezam nas visitas. O programa melhora a qualidade de vida dos pacientes e acaba criando um vínculo entre eles e os profissionais.

– Para eles, é um conforto. Esses pacientes precisam de cuidados especiais e, com as visitas constantes, acabamos nos envolvendo, participando da vida deles. É emocionante vê-los melhorando – avalia a técnica de enfermagem Aulenice Lima.

Uma das coordenadoras do Programa Curativo Domiciliar, Agueda Matos ressalta, no entanto, que o programa não dispensa os pacientes de irem ao Hemorio, pois precisam continuar frequentando as consultas para controle da doença.

O ambulatório do Hemorio atende, com uma equipe multidisciplinar, 84 pacientes com lesões crônicas para a troca de curativo. Por mês, a unidade faz aproximadamente 1,1 mil curativos. A participação no Programa Curativo Domiciliar depende da avaliação de alguns critérios, como o tamanho da lesão e se o paciente necessita de medicação específica, administrada somente no hospital.

A doença – A Anemia Falciforme é uma doença genética e hereditária, caracterizada por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e elástica. Os glóbulos adquirem o aspecto de uma foice (daí o nome falciforme) e endurecem, dificultando a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos. O portador da doença tem o gene alterado transmitido pelo pai e pela mãe. Quando a transmissão é feita apenas por um dos pais, o filho terá o traço falciforme, que poderá passar para seus descendentes, mas a doença não se manifesta.

As úlceras de perna constituem uma das mais frequentes manifestações da Doença Falciforme e estão presentes em cerca de 10% dos portadores.  São lesões crônicas e resistentes à terapia disponível, com elevadas taxas de recorrência, comprometendo a capacidade produtiva e afetando socialmente o indivíduo. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 50 mil pessoas têm Doença Falciforme no Brasil e o Hemorio atende 3,5 mil pacientes.

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