Estado é o primeiro colocado na região Sudeste
O Programa Nacional de Imunização (PNI) completa hoje, 18/9, 50 anos de atuação no país. Somente de 1994 (início da série histórica) até hoje, são mais de 1,5 bilhão de doses de diversas vacinas aplicadas. Os dados de cobertura vacinal passaram a ser contabilizados no sistema de Avaliação do Programa de Imunizações (API) – desenvolvido pelo DataSUS, a partir do ano de 1994. Levantamento da série histórica de vacinação, feito no Sistema de Informação do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), do Ministério da Saúde, mostra que Minas Gerais tem cobertura de 78,11% para vacinação de todas as faixas etárias.
Minas fica atrás apenas do Distrito Federal, com 83,53%; Mato Grosso do Sul, com 80,47%; Rondônia, com 80%; e Tocantins, com 78,69%. A média do país é 73,97%. Na região sudeste, Minas está à frente dos estados do Espírito Santo, com 76,78%; de São Paulo, 72,59%; e do Rio de Janeiro, com 69,71%.
Para a coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi), da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora, Rosany Alves, esse quadro reflete o esforço dos profissionais que atuam diretamente na vacinação. “O empenho do servidor que está na sala de vacina, assim como as estratégias da atenção básica à saúde, são fatores que ajudam na melhora da cobertura vacinal”, destacou.
Mobilização social – quando a população é orientada
A enfermeira Jéssica Vieira, do município de Maripá de Minas, coordena o setor de imunização na Unidade Básica de Saúde (UBS) desde 2021. Para ela, o maior desafio hoje é a desinformação. “Trabalhamos muito com a orientação à toda a população. A informação clara e objetiva pode derrubar a barreira das fakenews”, relata.
Maripá de Minas atingiu a cobertura vacinal de 95% contra doenças como difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, e poliomielite, no primeiro quadrimestre de 2023. Esta é a meta preconizada pelo Ministério da Saúde, e tem como público-alvo crianças menores de 1 ano de idade.
Evento de mobilização para incentivar a adesão à vacina contra covid-19 e influenza
A mobilização social tem o objetivo de conscientizar a população para uma causa. No município de Lima Duarte, a assistente social e referência em mobilização, Amanda do Nascimento, costuma convocar a população na rádio. “Muita gente mora na zona rural e o único meio de comunicação em alguns lugares é o rádio. Então vou até a rádio e explico a importância da vacinação e convoco todos”, explica.
Em Andrelândia, todo mês a secretaria municipal de saúde realiza uma ação na praça, para mobilizar a população a ser imunizada.
Estratégias
A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora tem buscado criar estratégias para melhorar a cobertura vacinal em sua área de abrangência, que é composta por 37 municípios.
Ainda em 2022 a SRS propôs o Índice de Qualidade da Gestão Municipal (IQGM) com o objetivo de melhorar o desempenho de todos os municípios da SRS na imunização, durante o ano de 2023.
Para o superintendente Renan Guimarães de Oliveira, “mesmo com toda a relevância da imunização, ainda nos deparamos, em nosso território, com situações de dificuldades e baixas coberturas vacinais”, descreve.
A SRS Juiz de Fora participa do projeto de pesquisa entre a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), denominado “Pesquisa-Ação” para aumento da cobertura vacinal para menores de 2 anos de idade. Em julho foram realizadas reuniões de monitoramento com as referências municipais. “A partir da troca de experiências e do entendimento da realidade de cada sala de vacina é que conseguimos intensificar a capacitação para melhoria nos territórios”, explica a referência técnica em imunização, Sandra Kilesse, da SRS Juiz de Fora.
Em agosto de 2023 foram iniciadas supervisões nas salas de vacinas dos municípios da área de abrangência da regional de Juiz de Fora. “É uma iniciativa para melhor avaliar as ações de vacinação em cada território”, esclarece Sandra Kilesse. “Até dezembro teremos atingido nossa meta, que é de supervisionar pelo menos 40% das salas de vacina”, completa.
Investimentos do Estado
O Governo de Minas, em agosto, anunciou investimentos de R$265 milhões, em Vacimóvel (veículo adaptado para que seja uma sala de vacinação itinerante) e ações de vacinação itinerantes.
Para as ações de imunização, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) vai disponibilizar um valor global de R$ 165.393.465,40, sendo que para o ano de 2023, o valor é de R$ 64.014.681,80. Para a aquisição dos Vacimóveis, o incentivo financeiro total da SES-MG será de R$100.614.000,00.
Segundo o secretário de estado de saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, “a vacinação extramuros é fundamental para ampliar a cobertura vacinal em todo o estado”, destacou.
Em julho foi anunciado o investimento de R$10 milhões para pesquisa de vacina terapêutica para o tratamento da dependência de cocaína e crack.
Para o governador, Romeu Zema: “é hora de levar o maior número de vacinas à população”, salienta.
O Programa Nacional de Imunização (PNI)
Em 18 de setembro de 1973 foi aprovada a proposta do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Dois anos antes, em 1971, seria notificado o último caso varíola. A erradicação da doença mostrou a força das campanhas de vacinação durante a década 1960 e deu força para o surgimento do PNI. Segundo o Ministério da Saúde, “o objetivo do programa é coordenar ações de imunizações no Brasil”.
Em 1980 surge a campanha nacional de vacinação contra a poliomielite. A meta era vacinar todas as crianças menores de 5 anos de idade. O último caso da doença ocorreu na Paraíba, em 1989.
José Maurício Santana, servidor da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) desde 1977, conta que chegou a aplicar – ainda na década de 1970 – o imunizante BCG, contra a tuberculose. “As pessoas faziam filas enormes. Na época era usada uma espécie de pistola”, conta.
Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), Isabella Ballalai, entre 1940 e 1998 “a expectativa de vida ao nascer aumentou em cerca de 30 anos, graças à redução de óbitos por doenças infecciosas preveníveis por vacinas”, declarou.
O PNI foi responsável pela aplicação de cerca de um bilhão e meio de doses de vacinas, no período entre 1994 e 2023. Em 2023, o programa completa 50 anos de criação. Para o Ministério da Saúde, o PNI é o “responsável por definir a política de vacinação no país”.
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Por Jonathas Mendes/SES-MG