Tecnologia utiliza Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, de forma natural e sem modificação genética, e já está presente em 14 países

A Secretaria de estado da Saúde de Goiás acompanha e auxilia com as equipes técnicas de arboviroses a implantação do método Wolbachia nos municípios de Valparaíso de Goiás e Luziânia. A soltura dos mosquitos está previsa para o segundo semestre, com data a ser definida. Goiás registra até o momento 123.232 casos notificados de dengue, 72.382 casos confirmados, 53 óbitos confirmados e 79 em investigação. Além dos dois municípios, a capital Brasília também participará da implantação.
Ao analisar a quantidade de casos de dengue de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior, é possível perceber redução de 69%. Apesar disso, é preciso manter os cuidados com o combate ao mosquito e seus criadouros. O método Wolbachia é uma estratégia complementar no combate às arboviroses, já que o mosquito é endêmico no Brasil, o que significa que ele está presente no país de forma contínua em diversas regiões, sendo o vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya.
A subsecretária de Vigilância em Saúde da SES/GO, Flúvia Amorim, orienta que o combate ao mosquito deve ser matido (métodos supressivos) com todas as orientações que são repassadas constantemente à população. A população continua tendo papel fundamental no processo e deve manter os cuidados tradicionais contra o Aedes aegypti e colaborando com os agentes da iniciativa. A recomendação é continuar eliminando os mosquitos e os criadouros dos insetos, pois não há diferença perceptível entre o mosquito local e o com a Wolbachia.
Os mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, chamados de Wolbitos, auxiliam no combate da dengue, Zika e chikungunya, pois a bactéria impede o desenvolvimento dos vírus das arboviroses no organismo dos insetos, reduzindo assim a transmissão dessas doenças. Quando os mosquitos com Wolbachia se reproduzem com os mosquitos locais, transmitem a bactéria para seus filhotes. Com o tempo, a maioria dos mosquitos da região passa a ter Wolbachia — reduzindo significativamente a transmissão dos vírus, e protegendo a população de forma ininterrupta.
A tecnologia do Método Wolbachia é respaldada por estudos científicos nacionais e internacionais, e já foi implementada com sucesso em diversas cidades do Brasil e do mundo, sempre com reduções expressivas nos casos de arboviroses. Segundo dados da Wolbito, em Niterói, no Rio de Janeiro, dados preliminares apontam redução de até 70% nos casos de dengue.
O método, uma ação complementar a outras de enfrentamento à dengue, é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e passou a fazer parte das políticas públicas de saúde do Brasil. Conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério da Saúde, a estratégia é operacionalizada pela Wolbito do Brasil, empresa responsável pela maior biofábrica do mundo de Wolbitos.
Em relação aos resultados, o gerente de implementação da Wolbito do Brasil, Gabriel Sylvestre, destaca que o prazo varia muito. “Sempre há a expectativa de que as próximas estações de dengue, após a implementação do Método Wolbachia, sejam mais brandas em termos de casos. Pelo histórico de outras cidades e países que utilizam a tecnologia, para se conseguir avaliar se houve o impacto no número de casos, o tempo médio, por meio de estudos científicos e epidemiológicos, chega a dois anos. Mas na prática já se observa efeitos importantes na redução dos casos na estação de dengue seguinte à implantação do método”, destaca Sylvestre.
Mosquitos sem modificação genética
O método é seguro, natural – não envolve modificação genética – autossustentável, e não traz risco à população ou ao meio ambiente. A bactéria Wolbachia está presente naturalmente em cerca de 60% dos insetos do planeta e, ao ser introduzida no Aedes aegypti, em 2008, descobriu-se que ela impedia o desenvolvido dos vírus dentro do mosquito.
Em 2011, os primeiros mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia foram soltos em Cairns, Austrália. Naquela época, o pesquisador Luciano Moreira, em pós-doutorado na Austrália, trouxe o método ao Brasil e desde então a tecnologia tem sido uma aliada do Governo no combate à dengue e outras arboviroses.
Foto: Wolbito
Secretaria de Estado da Saúde – Governo de Goiás