
Governo de SP e OPAS realizam seminário internacional para debater desafios da saúde nas megacidades
Diante da urbanização acelerada e do crescimento das desigualdades sociais, especialistas nacionais e internacionais se reuniram nesta terça-feira (23), em São Paulo, para o Seminário Internacional Desafios da Saúde nas Megacidades. Promovido pelo Governo de São Paulo em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o encontro discutiu soluções digitais e inclusivas para fortalecer os sistemas de saúde em grandes centros urbanos, em paralelo à COP30.
“Para 2050, é provável que duas em cada três pessoas vivam em áreas urbanas, a maioria delas em megacidades”, observa James Fitzgerald, diretor do Departamento de Sistemas e Serviços de Saúde da OPAS. Ao falar sobre a aceleração da urbanização na região das Américas, o especialista destaca que as desigualdades na saúde urbana são estruturais, associadas à pobreza, ao racismo, ao gênero, às questões de migração e à governança dos próprios sistemas.
“O processo de urbanização acelerada e a segregação espacial afetam diretamente o acesso aos serviços básicos de saúde, de educação, de outros serviços sociais, além do emprego e do espaço público de bem-estar”, acrescenta.
Cristian Morales, representante da OPAS no Brasil, ressaltou que lidar com os efeitos da urbanização, da transição demográfica e das mudanças climáticas é essencial para construir sistemas de saúde mais integrados e resilientes.
Segundo Bruna Leite, do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), os parques urbanos, por exemplo, podem ser elementos estratégicos não apenas para o lazer, mas para a promoção da saúde e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Em um cenário de crescente envelhecimento populacional, aumento da demanda e desigualdades territoriais, gestores públicos buscam novos caminhos para repensar o papel do Estado no cuidado com a população.
“Quando se pensa de forma centralizada, ignora-se que a realidade de um bairro rural da zona sul é completamente diferente do centro urbano”, observa o secretário adjunto municipal da Saúde de São Paulo, Mauricio Serpa.
O encontro reforçou a importância do Programa de Regionalização, iniciativa da SES que busca reduzir desigualdades entre as regiões, otimizar os recursos públicos e ampliar a rede de serviços no Estado, diminuindo filas e encurtando a distância até o atendimento.
“Nosso compromisso é ampliar a oferta de serviços, sobretudo, para quem mais precisa. O Estado de São Paulo é marcado por grande heterogeneidade e cada região apresenta necessidades distintas. Ao conhecer essas realidades e direcionar ofertas de forma segmentada, garantimos um uso mais eficiente do recurso público”, afirma Eleuses Paiva, secretário de Estado da Saúde de São Paulo.
Ao discutir os desafios contemporâneos da saúde pública nas Américas e em outros contextos globais, Fernando Cupertino, representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), alerta que não é possível cuidar da saúde das pessoas apenas investindo em um número maior de assistência. É necessário abordar tudo que compõe a vida em sociedade, a exemplo do que é aplicado no SUS, com parcerias que integram as Secretarias de Saúde e outras áreas.
Cristian Morales ressaltou a importância da participação da população nas políticas em saúde e da necessidade de integrar novas tecnologias para o aprimoramento da atenção básica. “Não basta ouvir, é preciso a participação da sociedade, especialmente frente ao envelhecimento populacional, que aumentará as demandas por cuidado domiciliar e comunitário. O futuro da saúde depende da capacidade de construir pontes entre o tradicional e o inovador, entre os modelos de atenção primária e as tecnologias digitais, entre o cuidado individualizado e a organização de redes regionalizadas”, afirmou.