Banco mundial lança relatório sobre o panorama da saúde

 

Foi realizado nesta quarta-feira (24), no Brasília Palace Hotel, o evento Prioridades para um SUS mais resiliente, promovido pelo Banco Mundial e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), que incluiu o lançamento do Relatório O panorama da saúde: América Latina e Caribe 2023.

O evento teve como objetivo oferecer um espaço para o diálogo intergovernamental e com instituições brasileiras parceiras. Além dos temas do relatório, foram discutidos aprendizados, experiências e boas-práticas das instituições brasileiras durante a pandemia.

A mesa de abertura contou com a presença de Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil; Frederico Guanais, diretor adjunto da Divisão de Saúde da OCDE; Socorro Gross, representante da OPAS no Brasil; e Fábio Baccheretti, presidente do Conass.

 

Resiliência

De acordo com Johannes Zutt o relatório “O panorama da saúde: América Latina e Caribe 2023” gira em torno de um tema central, a resiliência. “São altos os custos humanos, sociais e econômicos quando os países não são resilientes. É urgente a necessidade de enfrentarmos os desafios estruturais dos sistemas de saúde para que juntos, consigamos enfrentar as ameaças emergentes da região”, defendeu.

Para Zutt, ao longo dos anos, o SUS tem sido um modelo global para a expansão progressiva das coberturas universais de saúde. “O Banco Mundial está firmemente comprometido em expandir suas parcerias para avançar nos objetivos compartilhados, na melhoria dos sistemas de saúde”.

 

Publicação mais acessada

Para Frederico Guanais, da OCDE, o relatório é a publicação principal da OCDE e uma das mais acessadas de todos os temas, muito antes da pandemia.

“A pandemia nos mostrou que mesmo os sistemas de saúde mais fortes, mais bem financiados do mundo não são imunes a crises. Os impactos da pandemia nos fizeram repensar onde estamos e onde queremos chegar. O SUS tem capacidade e potencial para ser modelo de sistema de saúde inclusivo e já é, mas podemos fazer muito mais”, analisou.

 

Sistemas resilientes

Socorro Gross, representante da OPAS no Brasil, chamou a atenção para o fato de que uma das temáticas mais relevantes, discutida, inclusive, na 76ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS), é a construção de sistemas resilientes de saúde, mais responsivos para as necessidades das populações.

Destacou também a necessidade de uma Atenção Primária mais forte e com o reconhecimento de que a saúde é sim um dos determinantes sociais de mais relevância.

A representante da OPAS enfatizou também a necessidade de mudanças, de uma estrutura de organização diferente para fazer frente às emergências das futuras pandemias. “A história tem demonstrado que a saúde é a base da construção das democracias e que sistemas resilientes de saúde são fundamentais para a estabilidade social”, ponderou.

Para Socorro Gross, as lições que foram aprendidas nos mostraram que o Sistema Único de Saúde no Brasil precisa ser fortalecido, mas que também é, sem dúvida, a política de proteção social mais importante que temos no Brasil. “Como agência especializada em saúde, temos clareza dos aspectos que precisam ser aprimorados, em termos de financiamento, organização, gestão e recursos humanos para garantir que a saúde seja realmente um direito para todas as pessoas”, afirmou.

Gross destacou ainda que um aspecto muito relevante para a região das Américas é a questão da pesquisa, inovação e produção de insumos, medicamentos, vacinas. “Isso é o mínimo que os países precisam e a região das Américas tem a possibilidade de fazer investimentos sustentáveis para, em uma situação de pandemia, poder atender às necessidades básicas da população”, analisou.

Para Fábio Bacherretti, presidente do Conass, a pandemia nos mostrou como estávamos despreparados para grandes catástrofes. “Tivemos problemas de estruturação e de planejamento. Não conseguimos ter a independência em relação à vacina. Os países que tinham seu parque tecnológico capaz de produzir vacina, saíram na frente em relação à proteção, à redução de mortes”, avaliou.

De acordo com Baccheretti, temos que tirar uma lição da pandemia, fortalecer nosso parque tecnológico, produzir tecnologias novas. “Não podemos ficar dependentes de transferências de tecnologia. Somos um país continental com mais de 220 milhões de pessoas, temos profissionais com muito talento, temos universidades muito boas, por isso precisamos insistir no desenvolvimento de novas tecnologias”, defendeu.

Para o presidente do Conass, é necessário resgatarmos a confiança na vacina. “Só estamos aqui, hoje, sem máscaras, graças à vacina. Entretanto, nunca a vacina foi tão questionada quanto agora. Temos que trazer um novo olhar para a importância da vacina, capacitar nossos profissionais e voltar aos patamares de vacinação que tínhamos anos atrás”, afirmou.

De acordo com Baccheretti, é fundamental o investimento em tecnologia, a fim de trazer a saúde pública para um novo patamar de informação e de confiança, incluindo a inteligência artificial. “Isso vai oferecer respostas mais ágeis e efetivas para agirmos em qualquer cenário, em qualquer situação, para que estejamos sempre preparados, tanto para os grandes desafios, quanto para os desafios diários do SUS”, observou.

A programação contemplou a apresentação de dois painéis: “Resposta e recuperação pós-pandemia: prioridades para a reconstrução, considerando os princípios do SUS”; e “Construindo um Sistema Único de Saúde mais resiliente: prevenção e preparação para a provisão de serviços de saúde, mudanças climáticas, promoção da equidade e outros desafios.

O Conass foi um dos debatedores do primeiro painel e discutiu o tema  “Lições aprendidas no âmbito estadual e prioridades frente aos novos desafios como a regionalização”.

 

Clique aqui para fazer o download do relatório O Panorama da Saúde: América Latina e Caribe 2023

 

 

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