Com homenagem a pioneiros, painel retrata 25 anos de Saúde da Família

Os trabalhos do 1º Encontro Nordeste de Saúde da Família tiveram início ainda na manhã desta quarta-feira, 13 de junho, antes da abertura oficial do evento nesta tarde. Uma improvisada mas arrebatadora homenagem aos profissionais que protagonizaram as primeiras experiências da Estratégia Saúde da Família em 1994, no município de Quixadá, emocionou o público. Entre os homenageados, o médico gaúcho Alcides Silva Viana, que cruzou o Brasil, desde o Rio Grande do Sul, para participar no Ceará do início do Programa Saúde da Família, e a enfermeira Rocineide Ferreira da Silva, atualmente professora da pós-graduação nos programas de Saúde Coletiva, Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde Coletiva e do mestrado Profissional em Saúde da Família da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Os dois homenageados participaram do painel “25 anos de Estratégia Saúde da Família”, ao lado da médica e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Ivana Barreto e do secretário da Saúde do Ceará, Henrique Javi. Coube ao representante no Brasil da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Julio Suárez Jiménez, abrir o painel, comentando sobre a percepção no resto do mundo da experiência brasileira com a Saúde da Família. “O SUS e o Saúde da Família são experiências muito acompanhadas na América Latina e no mundo”, atestou. “Na OPAS estamos interessados em fazer projetos e focar a cooperação em duas direções – a defesa da estratégia da atenção primária, saber o que está acontecendo e divulgar essas experiências, e fazer a defesa do SUS”, acrescentou.

Jiménez acredita que o Sistema Único de Saúde (SUS) está sofrendo ameaças e, por isso, a necessidade da defesa dos princípios. “Temos que defender o SUS original e melhorá-lo”, convocou. “Os grandes valores do SUS têm que ser resgatados”, insistiu. E propôs caminhos para essa defesa: “Uma das formas de defender o SUS é fortalecer a atenção primária”, indicou, acrescentando que “a Saúde da Família é o melhor modelo de implantar a atenção primária”. Por fim, Julio Suárez Jiménez esclareceu o que preconiza a instituição que representa no Brasil. “Um bom sistema de saúde público e universal, é isso o que a OPAS considera que deve ser defendido”.

Atualmente professor da graduação e mestrado em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e presidente da Comissão de Política, Planejamento e Gestão em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Alcides Miranda considerou que “é fácil demonstrar a universalidade do SUS a partir da Atenção Primária”, indicando que “as regiões do país com os piores indicadores sociais é onde existe maior oferta de serviços”. Ao abordar a formação profissional para a atenção primária de saúde, ele foi além da formação acadêmica. “O que faz a diferença é o nosso compromisso com o cuidado, com a responsabilidade pública”, defendeu. “Temos a responsabilidade de mudar esse país, mudarmos a nossa prática cotidiana, mudar não só na saúde, mas em torno das políticas públicas”, arrematou.

Na mesma linha, Rocineide Ferreira da Silva reforçou que “os saberes disciplinados e os não-disciplinados, bem como os saberes entre as categorias profissionais, são complementares. Ela recorreu ao passado, quando os resultados da experiência de Quixadá convenceu, por força de um gráfico apresentado, o então ministro da Saúde, Henrique Santillo, a estender a Estratégia Saúde da Família para todo o país. “Todos os saberes pulsantes no território, juntos, iriam construir aquele gráfico”. O gráfico mostrava a redução da mortalidade infantil em Quixadá, após o início do programa naquele município. “A Saúde da Família foi um sonho que virou realidade, mas está ameaçada”, admitiu Rocineide, lamentando que, atualmente, o gráfico de mortalidade infantil no país volta a ter curva ascendente.

altIvana Barreto fez considerações sobre os impactos dos determinantes sociais da saúde durante a quarta revolução industrial, que o mundo experimenta atualmente. Para ela, o sistema de saúde na era da informação deve propiciar “trabalharmos nossa autonomia para mantermos nossa saúde”. O futuro da Estratégia Saúde da Família no contexto da quarta revolução industrial, vislumbra a médica, está em “não deixar ninguém para trás, incluindo os profissionais, as comunidades e as famílias”.

“Defender o SUS não pode ser só um discurso”, provocou o secretário Henrique Javi. Ao destacar que 5% dos usuários do SUS consomem quase 90% dos recursos da saúde no país nos níveis mais complexos da atenção, ele enfatizou a atenção prestada aos outros 95% de usuários. “A Atenção Primária é justamente onde está a lógica, a raiz do sistema sanitário”, observou ele, apontando resultados positivos conquistados nos indicadores de mortalidade infantil, na qualidade da água para consumo humano e no programa de imunização. “Não é só o recurso financeiro que faz a diferença”, disse o secretário, que destacou por último a reorganização da Atenção Primária no Estado com o programa QualificaAPSUS. “Com o programa, a Estratégia Saúde da Família se fortalece a cada dia no Ceará”, concluiu.

Fotos: Assessorias de Comunicação Cosems e Cesau

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