Conass, secretarias estaduais e Ministério da Saúde debatem os desafios para a retomada das coberturas vacinais

Desinformação, fake news, falhas nos sistemas de informação e falta de confiança na segurança das vacinas foram algumas das causas apontadas para a queda das coberturas vacinais, durante a reunião conjunta das Câmaras Técnicas do Conass de Atenção Primária à Saúde, Comunicação em Saúde e de Epidemiologia, realizada na tarde desta quinta-feira (16), com o objetivo de debater os desafios para a recuperação da vacinação no País.

O encontro teve a presença de representantes das Secretarias Estaduais de Saúde e do Departamento de Imunizações e Doenças Imunopreveníveis da Secretaria de Vigilância e Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS).

Jurandi Frutuoso, secretário executivo do Conselho, ressaltou a gravidade da situação das coberturas vacinais no Brasil que vêm caindo progressivamente ao longo dos anos e foi enfático ao afirmar que é missão do Conass, junto com estados e com o Ministério da Saúde, retomar estes índices. “Precisamos reconquistar aquilo que um dia foi nosso orgulho. Temos o maior programa de imunizações do mundo e sabemos da importância de termos um país sanitariamente seguro, o que é de nossa responsabilidade”.

Para ele, a gestão estadual do SUS tem papel relevante no enfrentamento do problema, principalmente por meio da integração entre a Atenção Primária, a Epidemiologia e a Comunicação. “É papel dos estados, por meio de ações coordenadas nos territórios e de maneira solidária, o monitoramento, com o apoio dos municípios, e com uma comunicação adequada para que as estratégias definidas tenham consequências positivas”, afirmou.

Presente na reunião, o diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Imunopreveníveis (Didi), Eder Gatti, afirmou que multifatores estão relacionados à queda das coberturas vacinais, como por exemplo, falhas nos sistemas de informação, problemas estruturais do SUS, comunicação, desabastecimento, perda de confiança nos imunizantes e a existência de movimentos antivax estruturados. Gatti observou, no entanto, que o problema já acontecia antes mesmo da pandemia de Covid-19, mas se intensificou a partir de  2020 com discursos negacionistas oficiais e com a disseminação rápida de fake news.

Para enfrentar a situação, citou medidas em andamento no Didi/SVSA, sendo uma delas a transformação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em um departamento dentro da SVSA. “Com isso, temos agora mais capacidade de articulação técnico-administrativa e política dentro do Ministério da Saúde, além de maior agilidade administrativa, já que a organização em departamento nos permite focar nas coordenações gerais”, esclareceu.

Gatti também mencionou o estreitamento de relações com atores importantes para as políticas de saúde como a Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Conass, Conasems e com a Organização Pan-Americana da Saúde. “Estamos nos aproximando não só nas decisões tripartites, mas também na construção das políticas, adequando as estratégias com as realidades de estados e municípios, o que nos permite ter garantia de que estas instâncias gestoras irão seguir as decisões tomadas em conjunto”.

 O assessor técnico do Conass, Nereu Henrique Mansano apresentou um consolidado de desafios apontados pelos estados, ressaltando que é responsabilidade do SUS alcançar o índice de vacinação adequado para cada tipo de vacina em todo o território nacional. “Precisamos enfrentar todos os atores que estão relacionados e que estão intervindo nas coberturas vacinais e, para isso, é importante lembrar quais são as responsabilidades de cada esfera da gestão nesta missão”, disse citando em seguida, que cabe aos estados a coordenação do PNI nos territórios, sem perder de vista o apoio técnico aos municípios, bem como a educação permanente dos profissionais envolvidos.

Mansano elencou alguns problemas como a falsa segurança de que não há mais necessidade de se vacinar, o desconhecimento dos esquemas vacinais preconizados nos calendários e o medo de eventos adversos como alguns dos fatores para que as pessoas não compareçam às salas de vacinação. Para saná-los, observou ser necessário ações como a intensificação das ações de comunicação e mobilização social, informação sobre as vacinas do calendário nacional de Imunização, o envolvimento de integração com outros segmentos nos processos de comunicação, a implantação de certificado ou atestado da situação vacinal no momento da matrícula em escolas e creches (públicas e particulares).

Comunicação em Saúde

A comunicação foi apontada como uma ferramenta potencial para auxiliar na retomada das coberturas vacinais e, para o coordenador da área no Conass, Marcus Carvalho, é necessário levar informação com qualidade de forma estratégica e permanente para a sociedade. “Diversas situações criaram essa nova onda de dificuldades para alcançarmos índices adequados de vacinação. Temos um conjunto de problemas que está se aprofundando nos últimos anos: desinformação, fake news e a disseminação dessas informações de uma maneira muito rápida. Precisamos melhorar as estratégias de comunicação para lidarmos com as fake news antes mesmo de elas serem espalhadas”, alertou.

Para ele, levar informação com qualidade, de forma estratégica e permanente para a sociedade é um desafio complexo que precisa da integração de vários setores.  “Precisamos aproximar as áreas técnicas para que as estratégias de comunicação ocorram também a partir de análises específicas. É preciso ter uma regionalização da comunicação e das campanhas, integração com escolas, universidades e toda a estrutura do governo estadual para que a vacinação volte a ser um assunto discutido nas casas das pessoas com informações de qualidade”, destacou.

Como desdobramentos da reunião, os estados comprometeram-se a enviar para a assessoria de comunicação do Conass as experiências que estão em andamento nos estados para a promoção da vacinação, para que estas sejam disseminadas pelos canais de comunicação do Conselho.

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