Conheça cinco notícias falsas sobre as vacinas contra a Covid-19


Um estudo que analisou notícias falsas recebidas pelo aplicativo Eu Fiscalizo, conduzido no ano passado pelas pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Claudia Galhardi e Maria Cecília de Souza Minayo, já apontava um número significativo de fake news em tempos de pandemia. Com a chegada das vacinas contra a Covid-19, o app segue recebendo uma série de denúncias de informações não verídicas associadas à doença. Desenvolvido para que usuários notifiquem conteúdos impróprios em veículos de comunicação, mídias sociais e whatsapp, o Eu fiscalizo tem contribuído para que a sociedade tire suas dúvidas e obtenha esclarecimentos com a Fiocruz, de forma simples e rápida, a respeito de informações veiculadas sobre a Covid-19.

Para esclarecer a população acerca da imunização contra a doença e desmistificar as diversas notícias falsas que têm circulado a respeito, o Informe Ensp conversou com a pneumologista da Escola, Patrícia Canto. Conheça abaixo cinco fake news sobre as vacinas contra a Covid-19, notificadas pelo Eu fiscalizo, e entenda por que elas não são verdadeiras:

1. Eficácia da Coronavac: os testes no grupo de risco dos idosos foram “reduzidos” e a eficácia da vacina, em torno de 50%, é muito baixa e não garante o fim da pandemia. – É FAKE NEWS!  

A pneumologista da ENSP, Patrícia Canto, explica que a Coronavac tem uma eficácia estabelecida nos estudos, até agora, de 50,38%, o que significa que, tomando a vacina, há 50,38% menos chance de desenvolver algum sintoma da doença. Ela destaca que a vacina foi 100% capaz de prevenir a forma grave da doença, incluindo necessidade de internação em UTI e uso de oxigênio. “Isso é muito importante para a redução das mortes e internações”, afirma Patrícia.

A pneumologista lembra que as vacinas são testadas, após os estudos iniciais, em voluntários divididos em dois grupos: um que toma a vacina que a população está testando e outro que toma outra vacina, ou um placebo. “Não garantiremos o fim da pandemia enquanto não tivermos a vacinação, em grande escala, da maior parte de nossa população. Devemos manter as medidas de distanciamento, máscaras e higienização das mãos”, lembra.

2. Vacina contra a Covid-19 é ‘picada de escorpião’: altera o DNA e faz a pessoa perder o brilho no olhar – É FAKE NEWS! 

Até o dia 9 de janeiro, um vídeo no qual se afirma que a vacina “altera o DNA e faz parte de um plano para transformar a raça humana em zumbis” já havia sido visualizado por cerca de 1,5 mil internautas! A pneumologista da ENSP lembra que vacinas existem há mais de um século e são as principais responsáveis pela redução na mortalidade infantil e pelo controle de doenças graves, como poliomielite e sarampo: “Fomos capazes de erradicar a varíola, única doença até hoje erradicada no mundo, graças à vacinação”.

Patrícia esclarece que as vacinas são testadas em laboratório antes de serem aplicadas à população. “As vacinas são muito seguras. Por que elas ficaram prontas tão rápido? Porque temos hoje tecnologia para desenvolvimento de vacinas em tempos muito curtos, pois dominamos tecnologias que podem ser adaptadas a diversos vírus. Atesto a total segurança, sou voluntária em um dos estudos e tenho muito orgulho em contribuir com a ciência, garantindo saúde para todos”, frisa.

3. Vacinas contra Covid-19 podem provocar alterações genéticas ou câncer – É FAKE NEWS! 

As vacinas atuam para o desenvolvimento de imunidade contra os vírus. Segundo Patrícia, elas não são capazes de alterar o material genético de células humanas e não há registros de associação com qualquer tipo de câncer. “Aliás, podemos citar a vacina contra o HPV, que é capaz de prevenir o câncer do colo do útero”, exemplifica.

4. Uso de máscara não deve ser praticado por pessoas que fazem atividade física – É FAKE NEWS!

A pneumologista garante que o uso de máscaras é seguro e recomendado para todos, com exceção de crianças abaixo de três anos de idade ou pessoas que não sejam capazes de colocar ou retirar a máscara sem ajuda.

“Não há perigo no uso de máscaras com a realização de atividade física, nem existe associação com arritmia cardíaca ou refluxo. Vale ressaltar que as máscaras sempre foram rotina para os profissionais de saúde e fazem parte do uso na cultura de vários países orientais”, esclarece.

5. Eficácia da hidroxicloroquina: o presidente dos EUA, Joe Biden, e o American Journal of Medicine recomendam o uso do medicamento – É FAKE NEWS!

Segundo Patrícia, não existem estudos que comprovem a eficácia da cloroquina para qualquer fase da doença. “Os estudos já publicados, ao contrário, mostram que não há atuação desse medicamento para tratamento da Covid-19”, reforça a pneumologista.

Viu algum conteúdo falso sobre a Covid-19? Baixe o Eu fiscalizo na App Store ou no Google Play e notifique!

Por: Danielle Monteiro (Ensp/Fiocruz)