Pensar em que tipo de cuidado estamos oferecendo ao paciente/usuário e se ele é de fato seguro ou não, é fundamental para evitar eventos adversos. Discutir a Segurança do Paciente e a sua transversalidade em todos os pontos da Rede de Atenção a Saúde – RAS e não apenas no âmbito hospitalar, é um passo importante para fortalecer o cuidado do usuário desde o seu primeiro contato com a equipe.
Com este entendimento, o Conass, tem desenvolvido ações para o fortalecimento da Segurança do Paciente em todas as áreas em que ela precisa estar presente e a sua inserção na 9ª etapa da Planificação da Atenção à Saúde é mais um passo neste sentido.
Estas e outras ações, foram apresentadas hoje (06), pela assessora técnica do Conass, Carla Ulhoa André, no 2º Encontro Estadual do PlanificaSUS Paraná. “Nós sentimos que é muito importante trazer a Segurança do Paciente a todos os pontos de atenção, porque, seja na Atenção Primária à Saúde, seja na Atenção Ambulatorial Especializada e hospitalar o usuário tem que sair melhor do que ele entrou”, disse Ulhoa.
Com a metáfora sobre o envolvimento de um piloto de avião que cumpre todos os protocolos de segurança de um voo, Ulhoa chamou a atenção para a necessidade de que também os profissionais de saúde se envolvam em todos os fluxos assistenciais da saúde, assim como o paciente/usuário.
A assessora técnica também falou sobre a instituição da Câmara Técnica do Conass de Qualidade no Cuidado e Segurança do Paciente, criada em 2017 e ressaltou que nela, os representantes das Secretarias Estaduais de Saúde são instados a todo momento a trabalhar a Segurança do Paciente em toda a RAS.
Outra ação relevante do Conass, foi a realização da Pesquisa Multicêntrica Sobre Eventos Adversos Relacionados a Medicamentos. Aplicada em UTI Neonatais/pediátricas de hospitais das cinco regiões do País, o estudo revelou que o tempo de estadia do paciente aumentou em mais de três vezes o tempo médio de permanência, causando um custo desnecessário ao sistema de saúde. (Acesse aqui a pesquisa).
Um cenário sobre a Segurança do Paciente, apresentado pela assessora, mostrou que 1 em cada 10 pacientes no mundo desenvolvem uma condição adquirida por meio de assistência à saúde como infecções, queda, eventos adversos por medicamentos, entre outros.
Já na Atenção Primária à Saúde, uma pesquisa realizada pelo The Health Foundation mostrou que de 1 a 2 % das consultas da APS podem causar incidentes. “Pode parecer pouco, mas levando em consideração o volume de atendimento na APS, este numero é preocupante, pois representa um grande número de eventos adversos”.
Ainda segundo este estudo, 80% dos danos ocorrido na atenção primária poderia ser evitado; e que, em países da OCDE, esses danos resultam em 6% dos dias de internação, equivalente a 7 milhões de internações.
Outro dado que chamou a atenção na apresentação, diz respeito a uma pesquisa canadense que revelou que 31% dos eventos adversos ocorreram antes da admissão e foram detectados durante a internação. “Temos pouquíssimos estudos que retratam os impactos da Segurança do Paciente na APS, mas estima-se que metade de toda a carga global de eventos adversos tenha origem no atendimento primário”, alertou.
Carla Ulhoa chamou a atenção para o avanço do Programa Nacional de Segurança do Paciente, mas pontuou que ainda existem muitos desafios que a colocam como um importante problema de saúde pública no Brasil, como por exemplo, a falta de uma política nacional. “O primeiro desafio é instituir uma política com recurso financeiro, operacionalização e que cumpra todos os seus papeis dentro dos pontos da Rede de Atenção à Saúde”, disse.
Sobre a transversalidade da área na Atenção Primária, ela foi categórica. “A Segurança do Paciente é o alicerce da construção social da APS e é transversal a todos os seus macro e micro processos”.
Ela citou ainda seis metas de Segurança do Paciente que foram adaptadas à realidade dos processos de trabalho da atenção primária: identificação correta do paciente; melhoria da comunicação entre profissionais e pacientes; melhoria da segurança de medicamentos/vacinação; garantia de procedimentos em local de intervenção e pacientes corretos; redução do risco de infecções e redução do risco de queda por lesões e pressão.
Por fim, Ulhoa lançou uma reflexão sobre a necessidade de dar à Segurança do Paciente a devida importância. “Se o cuidado não for seguro, ele não é um cuidado”, concluiu.
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Ascom Conass
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