Celton Ramos – SES/RR
As gestantes indígenas atendidas no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) passam a contar com três enfermarias com leitos e armadores de redes instalados. O dispositivo de humanização é uma forma de possibilitar conforto e familiarização, pois é dessa forma que os povos indígenas costumam dormir.
Por dia, pelo menos, dez mulheres indígenas procuram a maternidade para realizar algum procedimento de emergência, entre eles, parto, curetagem, problemas com aborto. Para dar assistência a essas pacientes, funciona na unidade, há mais de dez anos, a Coordenação Indígena. Esse fator chamou a atenção durante um evento regional, pois Roraima é o único estado a possuir esse tipo de coordenação indígena na Região Norte.
A Coordenação Indígena é responsável por ser elo entre paciente, maternidade e Casa do Índio (Casai). O setor trabalha com o acolhimento logo na porta de entrada, há intérpretes de Língua Indígena a disposição dos profissionais de saúde e usuários do SUS. Além disso, a equipe desenvolve ações para valorizar a cultura do outro com o não índios.
A intérprete Geralda da Silva, da Coordenação Indígena, explicou que o funcionamento do setor é no período comercial, porém estuda-se a ideia de ampliar o quadro de pessoal. Assim, a coordenação atendará nos finais de semana e feriado. “Talvez a maior dificuldade será para escolher a pessoa, pois deve falar alguma língua indígena, entender e respeitar a cultura dos povos do nosso estado, bem como conhecer e ser conhecidos pelos índios”, comentou, lembrando que está nesse trato com índio há mais de 25 anos.
Geralda ressaltou sobre os avanços no HMI e disse que antes pessoas não-índias não queriam que houvesse mistura entre povos, mas agora as pessoas encaram com maior naturalidade a presença nas demais Alas.
Sobre as redes, a intérprete afirmou que é uma forma de oferecer melhor atendimento e conforto à família, pois quando uma mulher indígena chega à unidade, ela traz consigo os parentes. A prática é totalmente cultural. “A rede as ajuda na recuperação e no conforto. Além de respeitar a cultura, torna-se mais tolerável manter-se dentro de um hospital. As enfermarias ficam na Ala das Margaridas”, disse.
Geralda conta que algumas vezes, uma das enfermarias já foram utilizadas para pajelança – ritual de cura – “pois os índios acreditam que só a medicação não dá jeito. Eles fazem sem problema nenhuma”.
HGR
Em 2001, foi implantado no Hospital Geral de Roraima também o setor da Saúde indígena. O serviço conta com a parceria da CASAI com envio de mão de obra pra ajudar nos atendimentos, visto que a demanda de pacientes enviados daquela Unidade é muito alta. A equipe hoje conta com antropóloga e gerente do serviço, cinco técnicos de enfermagem, um assistente administrativo, dois intérprete de Língua Indígena e um motorista.
Os indígenas têm direito a alimentação diferenciada quando não querem comer a mesma refeição destinada aos pacientes gerais. Nas internações, se desejarem a presença de pajés, curandeiros, padres, pastores, terão acesso a esse serviço. O setor de saúde Indígena tem projetos em andamento para implantação de “quartos humanizados”, que são os quartos com sistema de redes.
As doenças que trazem os indígenas ao hospital são diversas, entre elas, tuberculose, Câncer, diabetes, hipertensão, pneumonias, problemas do coração, acidente ofídicos, malária. O fato de os serviços prestados em área ainda estar passando por momentos de adequações, faz com que indígenas recorram ao Pronto Socorro.
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