Guia orienta estados e municípios para o enfrentamento da pandemia de Covid-19 na Rede de Atenção à Saúde

O Conass, em parceria com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), lançou nesta quarta-feira (6) o Guia Orientador para o enfrentamento da pandemia Covid-19 na Rede de Atenção à Saúde (2ª edição publicada em 11/08/2020). A partir da preocupação da APS em relação às demais situações de saúde, em especial as condições crônicas, frente ao enfoque dado à pandemia de Coronavírus, o instrumento foi estruturado com o apoio do Hospital Albert Einstein.

A estratégia busca reforçar as ações de saúde para as outras condições que não o Covid-19, tendo em vista que a mobilização da saúde frente à pandemia tende a desorganizar o sistema. O desafio é garantir o cuidado a partir da dinâmica imposta pela realidade pandêmica, respondendo às situações de saúde já existentes e aquelas que se apresentam a cada dia.

Três eixos descrevem a organização e integração das redes: atenção ao evento agudo de casos de SG (Síndrome Gripal) ou SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), suspeitos ou confirmados para Covid-19, coordenada para garantir a resposta das RAS de Urgência e Emergência; o monitoramento dos casos de SG/SRAG em usuários com condições crônicas até o restabelecimento completo e término do isolamento domiciliar; e o acompanhamento longitudinal das condições crônicas nas Redes de Atenção à Saúde.

A ênfase das ações listadas pelo instrumento está na integração das atenções Primária, Especializada, Hospitalar e Materna e no monitoramento dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de uma rede estruturada a partir da população, tendo a APS como ordenadora do cuidado para outros pontos de atenção – do domicílio ao leito hospitalar (Domicílio; Unidade Básica de Saúde; Ambulatório de Atenção Especializada; Maternidade de Alto Risco com leitos de UTI Neonatal e Maternidade de Risco Habitual; Hospital Geral com Enfermaria; Hospital de Campanha com Enfermaria; Hospital com Leitos de UTI; e Hospital de Campanha com UTI). “Dessa forma, buscamos ofertar uma atenção à pessoa no lugar certo, no tempo certo e com qualidade, atuando também no retorno ao domicílio, com foco na continuidade da atenção. Isso demanda que os pontos sejam, de fato, integrados”, ressaltou o consultor do Conass, Marco Antonio Bragança.

A educação permanente dos profissionais de saúde também foi destacada durante o lançamento do documento, considerando que muitos protocolos e diretrizes estão sendo elaborados, o que aumenta a necessidade de auxílio às equipes para compreensão dos manejos tanto dos pacientes com Covid-19, quanto aqueles com condições crônicas de saúde. Para tanto, o instrumento propõe a alimentação e análise constante de protocolos e outras diretrizes e o feedback para os profissionais de saúde, reforçando a importância da comunicação direta dos gestores com esses profissionais. Também prevê o aproveitamento de profissionais cujas áreas estão menos demandas pela pandemia, como os dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf).

“Precisamos conhecer as disponibilidades dos profissionais, considerando que muitos estão adoecendo, além de garantir a eles os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e todas as informações necessárias, pois eles tem trabalhando sob muita insegurança em relação à abordagem e protocolos de atendimento”, alertou Bragança.

O instrumento também prevê a separação dos fluxos de atendimento – com ou sem quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – em todos os pontos de atenção; o levantamento em tempo real da disponibilidade de leitos hospitalares; a necessidade de exames complementares, seja por Covid ou por condições crônicas; a Assistência Farmacêutica; o transporte sanitário; e tudo que diz respeito ao acesso regulado e ao funcionamento integrado das RAS. O documento também sugere critérios para modalidade de acompanhamento pelas atenções Primária e Ambulatorial Especializada.

Atenção aos Idosos

A incidência de Covid-19 na Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) também preocupa. Segundo o professor Edgar Nunes, mais de 50% dos óbitos do mundo inteiro são em ILPIs e, no Brasil, entre 150 a 200 mil idosos estão nestas instituições, alertando que nem mesmo esse número é preciso por conta da fragilidade destes locais.

A assessora técnica do Conass, Maria José Evangelista, informou que o instrumento também está sendo apresentado pelo Conasems aos seus apoiadores e aos Cosems. “Temos trabalhado em conjunto com esperança de que essa proposta fortaleça o trabalho em rede e o enfrentamento da pandemia e das condições crônicas de saúde, reforçando o trabalho de muitos anos que o Conass vem fazendo junto aos estados para a organização das Redes de Atenção à Saúde. O momento nos mostra o quanto essa organização é importante para o SUS e para a população brasileira”, afirmou.