Método “Canguru” estreita laços de pai, mãe e bebê prematuro no HMIB

A pequena Isis Cecilia Cunha Pinheiro nasceu de 29 semanas de gestação, pesando 1.010 kg. Considerada prematura extrema, ela e sua família tiveram de ser submetidas aos cuidados neonatais especiais, incluindo aí o método canguru. Atendida no Hospital Materno Infantil de Barcarena (HMIB) – Dra. Anna Turan, a bebê foi contemplada com um diferencial: além da mãe, o pai também participou das técnicas humanizadas que reúnem estratégias de intervenção biopsicossocial.

O método canguru é um modelo de assistência ao recém-nascido prematuro e sua família, que estimula o desenvolvimento e coloca o bebê em contato pele a pele, para sentir o cheiro e ganhar o calor do corpo da mãe e também do pai. Na técnica é estimulado o livre acesso dos pais na participação dos cuidados com o filho neste período de assistência redobrada. Estes devem ser individualizados, respeitando o sono e o estado comportamental do bebê. Devidamente orientados pelos profissionais, o pai e a mãe podem tocar e realizar a posição canguru precocemente.

As técnicas do canguru permitiram que, mesmo com o uso de ventilação mecânica, a pequena Isis tivesse o contato com os pais. “Isso representa muito na vida de um bebê prematuro. Logo quando tive minha filha, não pude colocá-la no colo. Ela foi intubada e fiquei por uns dias impedida de carregá-la. Isso é muito doloroso para uma mãe e para um pai. E mesmo com os aparelhos, com o método canguru, consegui segurá-la pela primeira vez”, conta a dona de casa Shirley Gomes Cunha.

A mãe, moradora de Barcarena, também conta que, o contato pele a pele a levou a ter outra emoção. “Foi incrível que no momento em que eu a tive no colo, passei a produzir mais leite. Senti que o meu fluxo aumentou, consideravelmente. Esse momento foi único. Para mim, isso foi uma renovação. Uma terapia. A gente no hospital fica com o psicológico abalado, e é na hora do ‘Canguru’ que me fortaleço, e sei que ela também. Ela fica mais calma, dorme e respira melhor”, completa a dona de casa. O pai, Klebson Júnior Silva, também se emocionou. “O canguru, pra gente, é um momento gratificante e feliz”, ressaltou.

Indicação – O método é composto por três etapas. A primeira é a assistência no pré-natal com a identificação de fatores de riscos que indiquem a necessidade de cuidados especializados para a gestante, os quais podem ou não acarretar a internação do recém-nascido na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e Unidade de Cuidados Intermediários Convencional (UCINCo).

Já a segunda ocorre na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal Canguru (UTIN). O enfermeiro Nataliel Miranda, coordenador das UTIs do HMIB, lembra que nesta fase ocorre o fortalecimento da díade mãe-bebê. “Os recém-nascidos precisam atingir os critérios de elegibilidade, os quais são: estabilidade clínica, sem infecção, com alimentação enteral, respiração espontânea e ritmada, com peso mínimo de 1.250kg e com condições maternas”, observou.

O profissional também lembra que a terceira etapa dos cuidados neonatais que envolvem o Canguru é com assistência a nível ambulatorial. “É necessário que o recém-nascido atinja o peso maior que 1.700 g e competência do bebê e da família, no que tange ao aleitamento materno, ganho de peso consistente”, reforçou.

Perfil – Administrado pelo Instituto Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan está localizado na cidade de Barcarena, a 114 km distante da capital, Belém.

“Dentro da Rede Pública de Saúde do Pará, a unidade já é referência para atendimentos de média e alta complexidade de mães e bebês. Além de prestar um atendimento de qualidade, somos reconhecidos pelos projetos que evidenciam uma assistência humanizada”, explicou o diretor executivo do HMIB, Flávio Marconsine.

O público-alvo são mulheres gestantes e recém-nascidos. Sua abrangência inclui 11 municípios do Baixo Tocantins: Abaetetuba, Barcarena, Igarapé-Miri, Moju, Baião, Cametá, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Acará, Ponta de Pedras e Oeiras do Pará.

Texto: Roberta Paraense/HMIB

Fotos: Ascom/HMIB