Quanto custa a obesidade para o SUS? Estudo recente mostra a gravidade do problema

Título: Estimativa dos custos da obesidade para o SUS

Autora: Michele Lessa De Oliveira

Referência: Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição Humana da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília; Brasília, 2013 – Orientadora: Profa. Dra. Leonor Maria Pacheco Santos

Idioma: Português

Síntese:

A obesidade é um problema de saúde pública mundial e um fator de risco para várias patologias. Sabe-se que os recursos financeiros para a saúde no Brasil são restritos e é inegável a ligação entre as taxas crescentes de obesidade e aumento dos custos com a saúde. O presente trabalho, de interesse geral para gestores e outros tomadores de decisão, bem como para profissionais de saúde em geral, tem por objetivo principal realizar uma estimativa de custos financeiros com o tratamento da obesidade e patologias associadas na população brasileira com 20 anos ou mais, atendida no SUS durante o ano de 2011.

A metodologia empregada contemplou, inicialmente, uma revisão da literatura sobre o custo da doença em foco, aplicados ao caso brasileiro. Em seguida, estimou-se a prevalência de obesidade mórbida no Brasil, por sexo e regiões, com base nos dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008-2009, a fim de permitir a análise por grau de severidade da obesidade. Por fim, foram estimados os custos atribuíveis à obesidade (Índice de Massa Corporal – IMC ≥ 30 kg/m2) e à obesidade mórbida (IMC ≥ 40 kg/m2). Adotou-se a metodologia de custo da doença, com abordagem de cima para baixo, baseada na prevalência, com base em dados de custos financeiros diretos (hospitalização, cirurgias, medicamentos, diagnóstico e outros) do Sistema de Informações Hospitalares e do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS.

Assim, os custos da obesidade foram somados aos custos das outras patologias associadas (comorbidades), isto é, custos relacionados com doenças e agravos que poderiam ter sido evitados se a obesidade tivesse sido prevenida. Esses custos foram obtidos por meio do cálculo da proporção do total de casos das patologias associadas à obesidade (Risco Atribuível Populacional – RAP) e a multiplicação desse valor pelo custo do tratamento dessas comorbidades. Para cada patologia associada foi calculado o RAP da sua associação com a obesidade a partir das prevalências da obesidade obtidas na Pesquisa de Orlamento Familiar do IBGE/2008-2009 e dos riscos relativos (ou odds ratio) encontrados em meta análises ou em outros estudos.

Como resultado, verificou-se que, em 2008-2009, nada menos do que 1,55 milhões de adultos apresentavam obesidade mórbida, totalizando 0,81% da população brasileira, com maior prevalência na Região Sul, nas mulheres e em pessoas de cor preta. Em 2011, os custos atribuíveis à obesidade totalizaram R$ 487,98 milhões representando 1,9% dos gastos com assistência à saúde de média e alta complexidade. Os custos da obesidade mórbida perfizeram 23,8% dos custos da obesidade (R$ 116,2 milhões), apesar de sua prevalência ser 18 vezes menor. Os custos com a cirurgia bariátrica no Brasil foram de R$ 31,5 milhões. Demonstrou-se, assim que o custo da obesidade para o SUS em 2011 foi de quase meio bilhão de reais. A obesidade mórbida tem seu custo proporcionalmente 4,3 vezes maior do que o da obesidade.

Foto: Internet

Por Flávio Goulart