Seminário da Secretaria de Estado de Saúde debate saúde reprodutiva das mulheres

Gestores públicos e outros especialistas discutiram como aperfeiçoar o programa de atenção integral à saúde das mulheres no estado do Rio de Janeiro, principalmente durante o período reprodutivo

O cuidado integral à saúde das mulheres em seu período reprodutivo foi o tema central do seminário de “Boas Práticas na Atenção à Saúde Reprodutiva” promovido, nesta terça-feira (07/10), pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) e pela Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ), em parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim). O evento, no auditório da SES-RJ, teve como objetivo discutir e disseminar práticas que promovam o bem-estar da mulher de forma ampla e muito antes de ela planejar ter filhos.

Autoridades estaduais e especialistas discutiram assuntos ligados à saúde sexual e reprodutiva, concepção e contracepção, acesso ao aborto previsto em lei, assistência pré-natal diligente e assistência ao parto seguro e respeitosa. Foram apresentadas agendas propositivas de promoção a boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento, destacando-se a importância do acompanhante, de doulas, de métodos não farmacológicos para alívio da dor, contato pele-a-pele ao nascimento e aleitamento materno iniciado ainda na primeira hora de vida.

Segundo os especialistas, essas práticas leves devem ser amplamente adotadas pelas maternidades em todo o estado do Rio de Janeiro. A abordagem, que garante melhores condições de saúde e menos complicações para mães e bebês, é apontada como caminho para evitar os casos de mortes maternas.

“O Rio de Janeiro é o estado mais feminino do país, de acordo dados do IBGE. São quase 53% da população, por isso temos que trabalhar fortemente pela atenção integral à saúde das mulheres. Seguindo essa linha, implantamos o check list do parto seguro em toda nossa rede de maternidades, com estratégias de atendimento à mãe e ao bebê de forma segura e humanizada. Além disso, temos trabalhado os indicadores para ampliar as consultas de pré-natal e reduzir a gravidez indesejada”, declarou a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello.

Para a Superintendente de Atenção Primária à Saúde, Halene Cristina Armada, o evento vai além de um seminário, pois fomenta a garantia aos direitos das mulheres. “Todo movimento que realizamos na atenção primária, na prevenção à violência, na articulação com outros setores da secretaria visa fortalecer o atendimento às mulheres. Nosso maior desafio é fazer com que ela tenha esse protagonismo com atendimento de qualidade em todas as fases de sua saúde reprodutiva”, destacou Halene Armada.

A secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar, comentou o desafio de combater os agravos relacionados à saúde das mulheres no estado e destacou a importância da integração entre as secretarias. “Desde o início do ano, com a criação da Secretaria da Mulher no estado, estamos dialogando com a Secretaria de Saúde para aprimorarmos ações e estratégias para melhorar a abordagem dos problemas que impactam na saúde das mulheres. Juntos, vamos melhorar a assistência e os indicadores, com apoio da Educação e do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher”, afirmou Heloisa Aguiar.

O coordenador Estadual da Área Técnica da Saúde das Mulheres, Antônio Braga, falou que há vários desafios a enfrentar para garantir melhores condições de vida e saúde das mulheres fluminenses, na perspectiva da atenção integral. “Com uma gestão focada na atenção integral à saúde das mulheres, nossa gestão tem inovado na atenção à saúde sexual e reprodutiva, e por isso fomentamos o projeto Acolhe, no Ambulatório Médico de Especialidades (AME), que oferece um serviço primoroso, com acesso gratuito a implantes contraceptivos de longa duração para prevenir a gravidez não planejada. O AME já promoveu mais de 2 mil atendimentos, entre implantes subdérmicos e dispositivos intrauterinos (DIU), além de exames e palestras educativas. Outra ação de relevância foi a reativação de todos os Comitês de Investigação de Óbitos Maternos na região Metropolitana I, que estão analisando todos os óbitos maternos e de mulheres em idade fértil, ajudando os gestores locais e a própria SES no estabelecimento de intervenções e políticas públicas que possam combater essa chaga social que é a morte materna”, declarou o coordenador Estadual das Mulheres.

Na mesa temática “Direito e Saúde para as Mulheres”, a Defensora Pública, Alessandra Nascimento Rocha, falou dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, parto seguro e que o seu setor trabalha para melhorar o acesso da população ao serviço público.

Maria do Carmo Leal, professora da Escola de Saúde Pública da Fiocruz, apresentou a pesquisa Nascer Brasil durante a sessão “Boas Práticas de Assistência ao Parto e Nascimento”, mediada pela Superintendente de Unidades Próprias, Pré-Hospitalares e Maternidades da SES/RJ Penélope Saldanha. O estudo, que ainda está em curso, está avaliando cerca de 500 hospitais no Brasil que fazem atendimento à mulher, além de analisar prontuários de atendimento e entrevistar 4 mil profissionais. Ela também ressaltou a importância do programa federal “Rede Cegonha” de cuidados às mulheres, de direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez e ao parto.

O evento também discutiu os cuidados com o bebê, após o nascimento, apresentado por Roberta Serra. Dentre os aspectos destacados estão a importância da vacinação e do teste do pezinho. Em agosto, o Rio de Janeiro se tornou o primeiro estado do país a oferecer a modalidade ampliada do exame a todos os seus municípios. O novo teste do pezinho passou a diagnosticar 54 doenças raras, 47 a mais do que o anterior.