Uma pesquisa clínica do Laboratório de Pesquisa em Imunização e Vigilância em Saúde (LIVS) do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), avalia os resultados da terceira dose das vacinas contra a Covid-19. O estudo BoostCOVID-19 é conduzido em parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e pretende investigar a imunogenicidade do reforço por meio da combinação entre imunizantes diferentes, medindo a resposta imunológica dos vacinados.
“Essa avaliação de imunogenicidade nos permite acompanhar a quantidade de anticorpos contra a Covid-19 presentes no organismo do participante ao longo do tempo. Também faremos o monitoramento das reações que o indivíduo possa ter após a aplicação da terceira dose”, explica a pesquisadora Margareth Catoia Varela, pesquisadora do INI/Fiocruz e uma das responsáveis pelo estudo.
Até 15 de julho, das 10h às 16h, uma equipe da Fiocruz, com apoio do Metrô Rio, promove uma ação na estação Carioca para incentivar a aplicação da terceira dose. Além de se vacinar a população poderá optar por participar do estudo clínico ou não. Antes de receber a dose de reforço (de Pfizer, AstraZeneca ou Janssen) os participantes serão entrevistados e receberão informações sobre as etapas do estudo. Os voluntários precisam ter 18 anos ou mais, ser vacinados com duas doses de Coronavac, Astrazeneca ou Pfizer e ter recebido a segunda dose há pelo menos três meses. É necessário apresentar documento de identidade, CPF e comprovante de vacinação das duas doses anteriores do imunizante.
“Neste momento em que o calendário de vacinação já contempla toda a população, ainda existem cerca de 850 mil pessoas sem a primeira dose de reforço no município do Rio de Janeiro. No entanto, estamos com dificuldade de atrair essas pessoas para o posto de vacinação. Desde que a demanda espontânea pela terceira dose reduziu no posto, começamos a nos mobilizar para fazer ações de captação externa, buscando instituições e empresas sediadas neste município, que tenham disponibilidade e interesse em receber a nossa equipe clínica para atuação in loco, sem prejuízo das atividades de rotina locais”, conta a pesquisadora.
O grupo avaliará as possíveis reações à terceira dose acompanhando os voluntários durante dois meses por meio de ligações telefônicas. Aqueles que também aceitarem fazer a testagem de anticorpos contra Covid-19 serão acompanhados por três visitas presenciais com coleta de sangue, nos intervalos de um mês, seis meses e um ano após a aplicação.
“A ideia é colocar nossa equipe em campo, facilitando o acesso para aqueles que ainda não tomaram a terceira dose e dando visibilidade para o estudo. Por isso, desde meados de abril, estamos sempre em locais externos e, nesta semana, os interessados podem nos encontrar na estação Carioca do MetrôRio”, diz ela.
A atividade ocorre no mezanino da estação Carioca, no corredor próximo ao acesso B (Avenida Chile/Petrobrás), onde profissionais de saúde conscientizam as pessoas sobre a importância de completar o ciclo vacinal e tiram dúvidas sobre a pesquisa. Quem quiser participar do estudo e não puder se cadastrar durante a ação também pode preencher a ficha de interesse no site do estudo ou comparecer diretamente no Centro de Vacinação Dr. Álvaro Aguiar, na Cinelândia, ao lado do Teatro Municipal, e procurar especificamente a equipe do estudo.
Como funciona o BoostCOVID-19
O primeiro passo é a aplicação da terceira dose de maneira cega e randomizada. Isso significa que, no momento da vacinação o voluntário não é informado sobre qual vacina está sendo aplicada, para que não haja sugestionamentos ao responder as perguntas sobre as reações. Um sistema de computador sorteia na hora uma das três vacinas: AstraZeneca, Pfizer ou Janssen.
“As particularidades do programa de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, composto por quatro vacinas diferentes, cada uma com eficácia e imunogenicidade diferentes, distribuídas de acordo com sua disponibilidade para diferentes faixas etárias e profissionais, torna essencial a realização de estudos como esse, para o diagnóstico da situação e o planejamento das intervenções em saúde”, defende Margareth.
Os participantes podem auxiliar na pesquisa de duas maneiras: integrando somente o estudo de segurança, no qual o acompanhamento ocorre de forma remota por dois meses, ou colaborando também com o estudo de imunogenicidade, que exige três coletas de sangue, realizadas um mês, seis meses e um ano após a aplicação. Ao completar a marca de dois meses da vacinação com a terceira dose a equipe informa ao paciente qual a vacina aplicada e registra-a no ConecteSUS.
Quem tiver interesse em monitorar também sua produção de anticorpos passa pelos mesmos procedimentos e uma coleta de sangue também antes da vacinação. Os resultados dos exames são enviados por email em geral em uma semana, ou no máximo 15 dias.
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Fonte: Agência Fiocruz de Notícias